Carmen foi de férias a Florianópolis com a família.
Pulou um muro de 60 cm e sentou-se ao lado.
Naquela época, não existia internet, mas a necessidade de comunicação era a mesma.
Em 29 dias chegara o endereço, e em mais 2 semanas, uma carta chega às mãos dela.
.
.
.
.
.
... Pra mim aquela churrascada foi mais que carne e cerveja.
Foi uma pessoa nova, um alguém que parecia me ouvir quando eu dizia
que pra mim o mundo é amarelo como certos pores de sol(...) E você ficou
calada, sacrificada, me escutando, ouvindo as minhas bobices amarelas e as
minhas questões de relatividade. Por isso, desse modo, gostei muito d'ocê.
Mas não confunda o meu modo com esses modos novelescos de gostar. Dentro de
mim ocorre aquele ar parado e quente de tédio e tristeza. E o seu olhar foi
um frescor para o mormaço do meu coração(...) Descobri que NÃO É NECESSÁRIO
TER AQUILO QUE SE PRECISE, É NECESSÁRIO TER AQUILO QUE SE QUER(...) Bem, meu
amor (posso chamá-la assim? faço isso para desmistificar essa palavra
danada), vou ficando por aqui enquanto minha carta parte em direção a ti..."
E tinha um bilhetinho à parte: "A carta tá com data atrasadíssima. É que
escrevi e depois lembrei que não tinha endereço. Aí, pedi pro Rangel e ele
levou uns 29 dias pra dar-mo.