24.7.08
Finalmente Rogério pode sentar-se ao lado de Zenilde e puxar conversa.
Era tarde da noite, só a luz florescente no teto do ônibus iluminava o encontro.
Lá fora, a escuridão da noite.
O ônibus estava vazio, sendo que ele não precisou falar muito baixo que há muito tempo a percebia nas filas do ponto, passando na catraca e saltando, lânguida e apressada.
Zenilde pra disfarçar, apertou a campanhia e saltou do latão, novamente lânguida e apressada.
Rogério ainda perguntou se o seu ponto era mesmo ali.
Ela respondeu que precisaria passar na casa da sua tia Zoraide pra apanhar uma lata de azeitonas que seu tio havia trazido da Argentina pra ela.
- Precisa de ajuda?, ainda insistiu Rogério. Mas ela recusou: Uma lata de azeitonas, carrego eu sozinha.
A frustação foi tanta que ele ficou com aquela frase ressoando dentro do seu cérebro.
Nunca pensou que seria trocado azeitonas.
Foi encontrado dois dias depois, numa vala na beira da estrada, abraçado a uma lata de azeitonas.
Estava escrito em seu peito, em cortes sangrentos: Azeitonilde, eu te amo sua vaca.
Mais tarde foi descoberto que ele mesmo é que escreveu, usando o abridor de lata.
Depois disso, cortou os pulsos com a tampa e deixou-se sangrar até morrer, repetindo o nome dela: Zenilde, Zenilde ...
20.7.08
As 3 amigas
Enquanto Rosália tentava convencer Laurinda de que Deus não existe, esta pensava num x-galinha com guaraná. Esperando as duas terminarem a discussão, lá atrás, em seu costumeiro vestido preto, Glória pensava numa siririca pelo Agenor.
A discussão terminou quando a fome de Laurinda a fez aceitar os argumentos da amiga.
Glória que já não aguentava mais a calentura, desculpou uma dor de cabeça e jogou-se pra casa.
Rosália que também não concordava da dieta da amiga, não quis acompanhá-la à lanchonete e sentiu-se sozinha quando as amigas foram cada uma pro seu lado.
Sentiu-se triste pois nem mesmo deus estava ao seu lado.
13.7.08
Zoraide havia prometido a sua vovozinha antes de morrer, que seria uma famosa manicure.
Sua avó morreu e seu sonho nunca realizou-se.
Ao invés disso, tornou-se uma atendente de cozinha de uma repartição pública.
Seu grande desejo de ser visagista nunca deu certo por causa de uma paixão louca por Agenor.
Ela abandonou o curso do SENAC pela metade pra ir morar com ele no Morro dos Cavalos.
Lá descobriu, que era tudo mentira o que ele contava.
As índias não faziam unhas do pé, nem tão pouco havia por lá um polo industrial.
O polo mais perto que existia era Paulo Lopez, que o pessoal pronunciava Polo, ao invés de Paulo.
Era só índio, mato e o Agenor.
Desesperada, ela voltou pra Florianópolis e tornou-se funcionária pública, na universidade local.
Certo dia, servindo café e bolo numa conferência indigenista, ela vê o Agenor numa foto, rodeada daqueles índios mulambentos.
Um certo professor apontava a foto projetada na parede e referia-se a eles como exemplos de bons selvagens.
Ninguém até hoje conseguiu explicar quem arremesou a faca de cozinha na tela, cortando dois dedos do professor Coelho.
Neste momento Zoraide estava no banheiro chorando de raiva e de ciúme, e não sabia o significado da palavra telecinésia.
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web update - FOTO NO FOTOLOG
FOTOS NOS FLICKER
10.7.08
Quando Reginaldo chegou na casa de Maria Inês, não percebeu que por detrás do olhar daquela mulher havia mais do que um cuidado especial pelos brilhos das panelas.
Mas logo, com o passar dos dias, notou certos maneirismo estranhos nela, como apoiar-se na pia, por as mãos nos quadris e perguntar com um olhar irônico:
- Reginaldo, foi você que deu sumiço em minha anágua?
Neste momento, ele percebeu que estava diante de uma mulher forte e decidida. Resolveu assumir-se também com força e decisão.
- Sim, Maria Inês, fui eu. Mas eu quero lhe dizer que estou enormemente arrependido. Eu te amo.
Uma panela de metal arremessada por uma mulher jovem contra uma testa pega de supresa, pode causar ferimentos que mereçam pequenas intervenções cirúrgicas, disse o médico ao estudante que o acompanhava ao finalizar o último ponto na testa de Riginaldo.
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atualizada: Texto para teatro: Mulheres Nuas
8.7.08
Ela era funcionária pública, foi despedida virou doméstica.
De frustada, no emprego dava pro patrão, pro filho do patrão, mas gostava mesmo era do jardineiro.
No fim acabou gostando do emprego e da rotina, mas um dia...
Quando o patrão morreu, o filho foi embora e o jardineiro casou com a cozinheira, ela ficou a esmo, sem eira, nem beira.
Pensou em ser puta, deputada, corretora de imóveis, mas tudo que queria era voltar a ser doméstica e viver de amores.
Num dia de muita sorte, ela encontrou no poste a salvação da sua alma.
Achou uma mansão no campeche, onde trabalhava dia e noite.
Uma velhinha doente e seu cão mascote, que ela cuidava como se fosse mão e filhote.
Até que meses depois a velhinha morreu.
Ela pra não perder o emprego, empalhou a velha, a pôs na janela, e viveu com seu cão feliz pra sempre.
Quando precisava de amor, contratava o Mazinho, pra cuidar do jardim.
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